
Dragon Age: The Veilguard é o quarto jogo da franquia desenvolvida pela EA e Bioware. Seu título anterior, Dragon Age: Inquisition, consolidou a série como uma das mais importantes do gênero RPG ocidental quando levou o prêmio de Jogo do Ano na primeira edição do The Game Awards lá em 2014.
A expectativa era grande, mas o resultado acabou não sendo o que se esperava.
Impressões Iniciais
Quando terminei Veilguard, minha primeira reação foi simples e direta: "PAIA" (perdoem o linguajar). A resposta do meu amigo foi sutil:
"Você é burro. Não, definitivamente, você jogou no modo burro. Eu peguei um final incrível, e você pegou o final burro."
Talvez ele tenha razão, mas o que posso fazer se todos os personagens do jogo são o cúmulo do desinteressante?
Companions Sem Carisma

Desde o início, senti que os companions eram superficiais, cheios de diálogos longos e histórias sem graça que pareciam existir apenas para preencher espaço. Criar conexões com esses personagens é um desafio, não porque seja difícil, mas porque simplesmente não há motivo para se importar com eles.
O jogo praticamente obriga você a fazer missões secundárias com cada um para conseguir um final satisfatório, mas a experiência se torna uma verdadeira tortura de tédio.
A relação entre o jogador e os companions deveria ser um dos pontos altos da experiência, mas em Veilguard isso não acontece.
Mesmo quando tentam trazer momentos emocionais, tudo parece sem autenticidade e não existe muito drama que funcione. Em jogos bem-sucedidos desse gênero, a ligação com os personagens secundários faz toda a diferença. Aqui, porém, eles acabam sendo meros figurantes de luxo.
Uma História Sem Impacto
A história principal não fica muito atrás. Fraca, previsível e sem graça, ela não consegue se sustentar por conta própria.
No entanto, o maior problema está na estrutura narrativa, que é incrivelmente redundante. Muitas vezes, depois de completar uma missão, você é jogado em uma conversa longa com seus companions, onde basicamente repetem tudo o que acabou de acontecer.
Isso não apenas quebra o ritmo da narrativa, que já não é das mais empolgantes, como também cansa rapidamente. Essas sequências são excessivas e desnecessárias, tornando a experiência geral ainda mais arrastada.

O jogo tenta apresentar dilemas morais e eventos dramáticos, mas tudo soa genérico e sem peso real. Os vilões não impressionam, os conflitos se resolvem de maneira previsível e na maior parte do tempo acaba se tornando um jogo apático.
No entanto, eu reconheço o esforço que fizeram nas últimas missões, porque apesar de já ser um pouco tarde, foi aí que o jogo realmente engatou. Tudo o que faltou até o momento, estava presente no final: Cenas empolgantes e momentos instigantes.
O Que Funciona: Gameplay e Gráficos
Mas nem tudo é negativo. A gameplay de Veilguard é, sem dúvidas, um dos seus pontos fortes. O sistema de combate é fluido, dinâmico e bem equilibrado. Os ataques são criativos e bem animados, e há uma boa variedade de habilidades que podem ser desbloqueadas na árvore de progressão.
Essas mecânicas são bem implementadas e realmente divertem, trazendo um frescor ao jogo que, infelizmente, não se estende para outras áreas.
E não há nada mais anestesiador em um jogo cheio de problemas do que um bom combate.

O combate é onde Veilguard brilha. A combinação entre diferentes estilos de luta, a possibilidade de personalização das habilidades e a fluidez das animações fazem com que cada batalha seja, no mínimo, satisfatória.
A variedade de inimigos também ajuda a manter as lutas interessantes, exigindo mudanças de estratégia e uso inteligente do arsenal disponível.
Outro ponto positivo é o visual do jogo. Veilguard é, sem dúvidas, um título bonito e bem polido. Os gráficos são impressionantes, os efeitos de iluminação são bem trabalhados e os personagens têm animações detalhadas.
No entanto, o design dos cenários não colabora com a experiência.
Um Mundo Sem Inspiração
Os ambientes, apesar de bem modelados, são sem inspiração e carecem de razões reais para exploração.
Aqui, vale uma comparação direta com Avowed. Mesmo com seus problemas, Avowed ao menos sabe como incentivar a curiosidade do jogador, sempre oferecendo algo para chamar a atenção e recompensar a exploração. Em Veilguard, esse senso de descoberta simplesmente não existe.
O problema é que um mundo aberto ou semiaberto precisa ter elementos que incentivem a exploração. Não basta apenas criar belas paisagens; é essencial que o jogador tenha recompensas tangíveis ao desviar do caminho principal. Infelizmente, Veilguard falha nesse aspecto.

Os locais visitados são apenas cenários bonitos, mas vazios. A ausência de segredos, eventos dinâmicos ou missões realmente interessantes que te engajem na narrativa faz com que o jogo perca uma grande oportunidade de manter o jogador interessado.
Escolhas de Diálogo Que Não Mudam Nada
Outro ponto frustrante são as escolhas de diálogo. Em teoria, um sistema de escolhas deveria impactar o desenrolar da história, mas em Veilguard isso raramente acontece. A sensação é de que, independentemente do que você escolher, o resultado será quase sempre o mesmo.
Foram poucas as vezes em que realmente senti que minhas decisões alteraram o rumo da narrativa de forma significativa, e a maioria dessas ocasiões ocorreu apenas nas missões finais.
Jogos que prometem narrativas ramificadas precisam garantir que as escolhas do jogador tenham peso real.
Quando isso não acontece, a experiência se torna frustrante. Veilguard poderia ter explorado melhor esse aspecto, adicionando consequências mais visíveis e impactantes para as decisões tomadas ao longo da jornada.
Polêmica Woke
Como muitos sabem, Veilguard recebeu um grande backlash devido a missões secundárias envolvendo uma personagem não-binária. Embora sejam quests opcionais, é difícil defendê-las, pois os diálogos são... difíceis. Aqui vai um exemplo:
Conclusão: Vale a Pena Jogar?
No fim das contas, Veilguard é um jogo que se destaca pelo combate e pela qualidade gráfica, mas tropeça onde realmente importa: personagens, história e imersão. A experiência se torna arrastada e frustrante pela falta de um mundo envolvente e de escolhas significativas.
Se você busca um jogo com uma jogabilidade satisfatória e belos visuais, talvez encontre algum valor aqui. Mas se espera uma narrativa cativante e personagens memoráveis, é melhor procurar em outro lugar. Por enquanto, Veilguard fica apenas como um título que existe.

Dragon Age: The Veilguard (2024)
Plataformas: Xbox Series X/S, Playstation 5, WIndows PC
Bioware
Eletronic Arts
Sinopse: Em Dragon Age: The Veilguard, você controla Rook, recrutado por Varric Tethras para impedir que Solas, o deus élfico trapaceiro, destrua o Véu que separa o mundo físico do Fade. Durante essa missão, Rook liberta acidentalmente dois deuses élficos aprisionados, Elgar'nan e Ghilan'nain, que tentam conquistar Thedas usando a Ruína.
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