Indiana Jones e o Grande Círculo (2024): Retorno Triunfante aos Videogames

Banner Indiana Jones and the Great Circle

Em 1982, a Atari lança Raiders of The Lost Ark para seu famoso e absoluto console Atari 2600. Sendo o primeiro jogo licenciado baseado em um filme (registro no Guinness Book), ele abriu caminho para que diversas outras produções cinematográficas fossem adaptadas para os videogames.

A inovação de Raiders of The Lost Ark estabeleceu um modelo para futuras adaptações, mostrando que era possível traduzir a grandiosidade do cinema para a interatividade dos jogos. Ele não foi um jogo tão bem recebido assim, era bem ambicioso na maneira de exploração de um jeito bem incomum para a época, mas ele vendeu muito bem.

Nos anos seguintes, diversas adaptações do personagem foram sendo levadas para os consoles e PCs. Ao todo foram mais de 15 jogos lançados baseados nas aventuras criadas por George Lucas e Steven Spielberg. Com os mais lembrados sendo The Fate of Atlantis (1992), Emperor’s Tomb (2003) e Lego Indiana Jones (2007). No entanto, a franquia ficou por 15 anos sem receber um título original até a chegada de Indiana Jones e o Grande Círculo no final do ano de 2024. 

De tantos gêneros e formatos que os jogos do personagem passaram, nenhum deles foi em primeira pessoa, então apesar de no início surgir estranhamento, eram logo cortados pela lembrança de que o jogo estava sendo desenvolvido pela MachineGames, responsável por 2 jogos incríveis de Wolfenstein (e Youngblood) que já tinha provado muito bem o seu valor dentro da indústria. Principalmente com a ambientação e direção de arte. Tendo em vista que os jogos Wolfenstein se passam na estética nazista, um jogo do Indiana Jones que se passa em 1936 caiu como uma luva na empresa.

Jogos Indiana Jones

Direção de Arte e Exploração

Cena de Indiana Jones and the Great Circle

A direção de arte é algo de se aplaudir. Os ambientes possuem um realismo impressionante, que, não só deixam o jogo lindo de se ver, como influencia muito na exploração. Os cenários foram desenhados para incentivar a curiosidade, pois O Grande Círculo não é um jogo que simplesmente aponta direções e é apenas isso que dá pra te fazer, cada mapa que visitamos é um ambiente semi aberto, situado em diferentes países, oferecendo não apenas variedade visual, mas também diferentes abordagens para a exploração.

Há um senso de descoberta constante, pois o jogo não se limita a indicar um caminho óbvio, ele convida o jogador a explorar cada canto, observar pistas escondidas e interagir com o cenário de formas inesperadas. Podemos encontrar bilhetes esquecidos que adicionam contexto à narrativa, tocar em objetos que revelam segredos e até mesmo resolver quebra-cabeças que desbloqueiam passagens ocultas.

É um grande exercício de análise. Adicionando a isso, a câmera fotográfica adquirida no Vaticano, por exemplo, se torna um recurso essencial para decifrar enigmas e coletar pontos de aventura, reforçando a ideia de que a observação atenta é uma ferramenta fundamental. Principalmente para resolver puzzles.

Os puzzles do jogo conseguem equilibrar bem a acessibilidade e o desafio. Cada cenário apresenta enigmas coerentes com sua cultura e arquitetura. Em ruínas antigas, por exemplo, podemos precisar alinhar símbolos esculpidos em pedras, enquanto em uma cidade histórica, os vitrais podem esconder padrões que só se revelam sob determinada luz. Entrega tudo de maneira orgânica e coerente.

Além disso, a diversidade dos cenários mantém a experiência sempre fresca e envolvente. O jogo alterna entre ruínas ocultas, templos esquecidos, cidades vibrantes e paisagens exóticas, garantindo que a exploração nunca se torne monótona. A cada novo local, somos apresentados a diferentes formas de interação com o ambiente, seja escalando estruturas antigas, nadando por passagens submersas ou utilizando elementos do próprio cenário para superar obstáculos. Esse dinamismo não só amplia as possibilidades dentro do jogo, mas também reforça (e muito) a sensação de estarmos jogando um jogo DO Indiana Jones.

Cenário Indiana Jones and the Great Circle

Combate Desajustado

Embora "O Grande Círculo" brilhe em muitos aspectos, o combate é uma área que apresenta algumas limitações. O jogo enfatiza a exploração e a resolução de enigmas, e o combate, embora presente, não é seu ponto forte. As mecânicas de luta são um tanto desajeitadas, especialmente quando se trata de confrontos diretos. O combate corpo a corpo, por exemplo, tem um ritmo cadenciado, tornando os golpes menos ágeis do que o esperado.

A utilização do chicote, embora icônica para o personagem, acaba sendo mais útil para desarmar inimigos e interagir com o ambiente do que como uma arma de combate eficaz. O jogo também disponibiliza algumas armas de fogo, mas a maneira como elas são distribuídas e utilizadas sugere uma certa relutância em tornar o combate um elemento central da experiência. A pouca variedade de armas e a escassez de munição reforçam a ideia de que a abordagem agressiva não é incentivada, visando que o jogador priorize o stealth na maior parte do jogo. 

Uma decisão meio contestável e diferente vindo da desenvolvedora de uma das maiores duologias de FPS da década passada. Isso não chega a comprometer a experiência geral, o jogo realmente deixa o cenário mais favorável para o stealth e abordagens mais passivas, mas ainda assim faz com que o combate pareça menos impactante do que poderia ser. Se você decide por uma mecânica em um jogo, mesmo que não seja algo principal, garanta que ela seja boa.

Cena de Indiana Jones and the Great Circle

Conclusão

No fim das contas, Indiana Jones e o Grande Círculo entrega uma experiência memorável, capturando com maestria o espírito do personagem e suas icônicas aventuras. A ambientação riquíssima, a exploração recompensadora e os puzzles inteligentes fazem do jogo uma jornada envolvente e repleta de descobertas, onde cada cenário se transforma em um verdadeiro convite à curiosidade.

Apesar das limitações no combate, a qualidade da direção de arte, o design inspirado dos mapas e a narrativa envolvente compensam amplamente qualquer falha. Com uma execução cuidadosa e uma abordagem respeitosa ao legado do personagem, O Grande Círculo não só se destaca como um dos melhores jogos de aventura dos últimos anos, mas também estabelece um novo padrão para futuras adaptações do personagem.

Indiana Jones e o Grande Círculo (2024)

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